domingo, 8 de agosto de 2010

Considerações sobre shibari - Parte I


Amigos e conhecidos freqüentemente me perguntam sobre shibari/bondage, então resolvi postar aqui alguma coisa do meu conhecimento sobre o assunto. Como o tema é extenso (e apaixonante), vou fazê-lo em três partes e espero que todos gostem e comentem, é claro.

Shibari é a denominação japonesa para atamentos (amarrações) do tipo "bondage", realizados como prática de refinada relação sexual. Contrariamente ao bondage, não é absolutamente necessário que a pessoa seja imobilizada, total ou parcialmente.

Generalidades:

Enquanto shibari define a ação, o "kimbaku" refere-se à arte de amarrar/atar. É muito importante ressaltar a diferença de conceito entre o shibari japonês e as amarrações de orientação ocidental (bondage), que só pretendem a imobilização do sujeito "bondageado". A arte do shibari não implica forçosamente a imobilização e têm também outros aspectos, como a qualidade estética do conjunto "corda-atamento-submissa(o)", o plano triangular formado pelo mestre, pela pessoa atada e o espectador, muito importante na tradição japonesa e que leva muito em conta o efeito energético - negativo ou positivo - sobre certos pontos da pessoa entregue ao mestre, relacionados com os meridianos energéticos do corpo humano segundo a tradicional medicina oriental. (Midori: The Seductive Art of Japanese Bondage, 2002)


História:

Inventada como uma técnica sutil e codificada de forma de tortura e submissão de prisioneiros, que só podia ser executada e ensinada por um guerreiro samurai, o shibari se construía por etapas, com uma considerável atenção aos tempos: primeiro se imobilizava o tronco, depois nádegas e ventre, e finalmente o corpo em seu conjunto.

No princípio do século XV, o Japão estava imerso numa era de ditadura e guerras conhecido como período Tokugawa, denominado assim pelo governador Tokugawa Ieyasu (1542-1616). Já antes desse período existiam diversas formas, fortemente ritualizadas, para atar e imobilizar por meio de cordas a um samurai inimigo no campo de batalha. Posteriormente, um código punitivo de 1542 regulava o uso de cordas na tortura e aprisionamento de inimigos e criminosos. Existiam quatro formas básicas que incluíam a humilhação, o incomodo, e até a tortura para prisioneiros. Essas penalidades desapareceram com o reino Tokugawa. No período Edo (1600-1878), desenvolveu-se uma arte marcial, chamada hobaku-jutsu, cujo objetivo era amarrar e manter retidos os inimigos ou criminosos por meio de cordas. Desenvolveram-se técnicas muito precisas para conseguir esse fim, às vezes cada comunidade rural ou cada família de samurais tinham as suas, de maneira que ao expor em praça pública, o prisioneiro manietado ou pendurado, as pessoas pudessem, observando as formas dos nós e o tipo de corda, deduzir a classe social do réu, o crime a eles imputado e ás vezes, também, sua idade e sua profissão.

Muitos mestres experientes dizem que o Hojojutsu é o autêntico precursor do shibari e, portanto do bondage. Durante centenas de anos, a polícia japonesa, composta da classe mais baixa de samurais sem emprego depois do final do período dos Senhores da Guerra, empregou essas técnicas secretas para imobilizar os criminosos, já que ninguém fora da casta guerreira podia ver sua execução e deviam seguir três normas invioláveis ao executar o Hojojutsu.

- O prisioneiro não deveria sofrer danos permanentes

- O prisioneiro não poderia escapar

- Ninguém que não fosse da casta samurai poderia presenciar essa técnica

Ainda hoje em dia, a polícia nipônica segue praticando sistema de luta como o Taihojutsu, que incorporam antigas técnicas Hojojutsu para as imobilizações.

No final do período Edo aparece a primeira documentação sobre o shibari ou bondage propriamente dito, em forma de imagens onde se mostra o uso de cordas com fins eróticos, possivelmente como conseqüência da abertura do Japão medieval ao mundo ocidental, depois do rompimento por parte das armadas russo-americanas de seu secular isolamento. Parece ser o castelo de Matsumoto onde se pode provar a existência dos primeiros desenhos assinalando a passagem do shibari, de técnica marcial e de tortura para a prática de refinada sensualidade. A documentação sobre bondage japonês anterior a esse momento é muito escassa, ainda que seja mencionada na literatura popular.

Após o choque coletivo que representou para os japoneses a perda da II guerra e com a redescoberta das tradições históricas nipônicas, a partir da década de 60, o shibari vive no Japão um período de esplendor, que ainda segue perdurando. Os grandes mestres das diferentes escolas realizam exibições em teatros e salas e gozam de altíssimo prestígio e consideração social, tendo inúmeros fãs desejando ser seu dorei (submissa(o)/ou, escrava(o)/ou), considerando-se ser uma honra ser submetido a um shibari por parte de um dos mestres da arte. (Sanchidrián, Isacio, Apontes de Kinbaku, 1999)

*continua no próximo post...


por SHIBUMISAN

4 comentários:

ENTREGA E SUBMISSÃO disse...

Amo Bondage, amo o Shibari, enfim amo as cordas elas fazem parte de mim , acho que dá para perceber nas minhas fotos.
Mas o que acho que poucos dons, tem habilidade ou o gosto pelas cordas, poxa se um submissa soubesse a sensação de estar amarrada, desenhada pelo seu dono, ñ imaginaria a sensação o tesão que desperta de estar sem total movimentos e comfiança plena no dono.
Amigos texto exclente muitos senhores deveriam de ler.
Semana iluminada para ambos
Adoro me vestir de cordas!

beijos bondagistas
{ísis}_MN

{Λїtą}_ŞT disse...

Se você não contasse ninguém saberia, Ísis... hahaha.
Desculpe, senhor Shibumi, não resisti a brincar com essa amiga querida.
Muito bom e elucidativo o texto.
Vou esperar ansiosa as próximas partes, embora o shibari não esteja entre meus fetiches é muito lindo de se ver.
Beijos meus para sua {(pupi)} e saudações para o senhor.

ternura disse...

pedindo licença ao Sr Shibumi e, ao mesmo tempo parabenizando-o pelo texto e pela linda propriedade... tomo a liberdade de colar aqui tbm minhas felicitações a sua menina como tbm agradecer a adesão dela em meu humilde blog.

querida menina,


antes de mais nada receba as minhas felicitações pelo dia especial!!
além de toda felicidade, saúde, paz, prosperidade e muito sucesso em sua vida, desejo-te muitos momentos repletos de cordas, velas, palmadas e todos os brinquedinhos q fazem sua alegria, junto ao Dono de ti!!

te recebo de braços abertos com um delicioso abraço. muito obrigada por sua humildade e disposição em seguir meu bloguezinho!! Sigo o seu com imensa alegria, e nao esqueça tbm recebi um presente especial no dia de hj, sua cia!!!!


deixo as cores vibrantes e coloridas de um lindo arco-íris para iluminar seu dia!!

bjknhas carinhosas
Saudações ao Sr seu Dono


obs: enviarei meu msn pela linda e querida lilica{D.E.}

ENTREGA E SUBMISSÃO disse...

Parabéns pra você, enesta data querida, muitas felicidades muitos anos de vida!
Querida, todas as alegrias, todas as felicidades,todos os doces os nós , as velas , as amarras, que vc seja mais feliz do que já é nessa Novo ano de sua vida!
Hoje o dia é seu , a festa é sua!
beijos doces e festivos
{ísis}_MN