quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Lou Salomé

Louise Salomé nasceu em São Petersburgo, Rússia, Lou uma prática de paixão; alguém que viveu a paixão com paixão, e talvez por isso mesmo provocou, até uma idade avançada, o nascimento da paixão nos homens que encontrou em seu caminho: Rilke, Nietzsche, Paul Rée, Tausk e, ao que parece, até mesmo Wagner sucumbiram ao seu encanto.

Um dos seus primeiros escritos data de sua ligação com poeta Rilke. Intitulado Reflexões Sobre o Problema do Amor, traz as evidentes marcas da embriaguez física e espiritual que sua autora estava vivendo em sua relação com Rilke.
Para Lou ato amoroso transforma o parceiro num "conto estranho e maravilhoso".

A Paixão amorosa é uma porta, diferente de todas as outras portas, "em sua arquitetura ornada de elementos ricos de sentido, em virtude de um simbolismo singular". É o caminho por excelência que nos leva a nós mesmos. Por ela "nós não somos um mundo de realidade, somos apenas o espaço e o metteur en scène de um mundo onírico, todo-poderoso, irresistível".


Assim, o amor durará enquanto os amantes forem capazes de oferecer ao outro essa entrega, que dá acesso de modo vital à capacidade de se concentrar neles mesmos, de ser um mundo para si por causa do outro.Neste mesmo ensaio, ela nos lembra que no êxtase amoroso, por mais que desejemos nossa fusão com o amado, sempre somos, em última análise, remetidos a nós mesmos.

A reconciliação que se fará aqui será sobretudo entre o sujeito e ele próprio, através do outro, mais do que entre o sujeito e o objeto amado.Num ensaio sobre o Erotismo, datado de 1910 quando Lou já se engajara definitivamente à psicanálise, intitulado Anal e Sexual, ela nos lembra que na união física "a gente não possui um ao outro por meio do corpo, mas apesar do corpo, que, como todo mundo sabe, não se identifica jamais (...) completamente com o todo da pessoa, mas aparece sempre como uma parte dela e resiste à dominação mais viva".

Para Lou o amor não seria um encontro, mas uma busca. Não quer dizer que chegamos, mas que estamos próximos. Lou Salomé viveu todas as fases e evoluções do amor, da entrega à recusa, da expansão à contração.Durante muitos anos ela teve o destino das mulheres brilhantes ligadas a homens brilhantes: era conhecida apenas como amiga de Nietzsche, Rilke, Freud, etc.Durante a vida de Salomé (1861-1937), ela presenciou o fim da tradição romântica e se tornou parte da evolução do pensamento moderno, que frutificou no século XX. Salomé foi a primeira ‘mulher moderna’.


Lou escreveu vários ensaios sobre o Erotismo: Anal e Sexual;
Reflexões sobre o problema do amor;Cadernos íntimos dos últimos anos;A velhice e a eternidade, entre outros
Copiou dos homens o modo de vida, mas não foi uma mulher masculina. Exigiu a liberdade de mudar, evoluir, crescer. Afirmou sua integridade contra o sentimentalismo e as definições hipócritas da fidelidade e do dever.

Ela é excepcional na história de sua época. Não foi uma feminista, de modo algum, mas lutou contra o seu lado feminino para manter a integridade como indivíduo.

Lou Andreas-Salomé conseguiu realizar, em seus 76 anos de vida, o que nós todos gostaríamos e deveríamos fazer sempre - e não o fazemos por descaso, indolência, medo: tornar a vida o exercício apaixonada de uma busca.

Assim, nada há de mais inepto em amor do que se adaptar um ao outro, de se polir um contra o outro, e todo esse sistema interminável de concessões mútuas... e, quanto mais os seres chegam ao extremo do refinamento , tanto mais é funesto de se enxertar um sobre o outro, em nome do amor, de se transformar um em parasita do outro, quando cada um deles deve se enraizar robustamente em um solo particular, a fim de se tornar todo um mundo para o outro..."


Lou Salomé entregou a Nietzsche um poema que havia escrito e este texto foi musicado pelo filósofo. O filósofo Nietzche foi apaixonado, quase toda sua vida por Lou, queria que ela fosse a sua discípula e mulher. Sob a influência e inspiração dela, Nietzche escreveu: Assim Falava Zarathustra.

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Claro, como se ama um amigo Eu te amo, vida enigmática
– Que me tenhas feito exultar ou chorar,
Que me tenhas trazido felicidade ou sofrimento,
Amo-te com toda a tua crueldade,
E se deves me aniquilar,
Eu me arrancarei de teus braços
Como alguém se arranca do seio de um amigo.
Com todas as minhas forças te aperto!
Que tuas chamas me devorem,
No fogo do combate, permite-me
Sondar mais longe teu mistério.
Ser, pensar durante milênios!
Encerra-me em teus dois braços:
Se não tens mais alegria a me ofertar
Pois bem – restam-te teus tormentos. "

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