sábado, 8 de janeiro de 2011

O pai de Valentina

























Crepax nasceu em Milão, em 1933. Ao vir ao mundo, seu sobrenome era Crepas, mas depois de iniciar sua vida profissional decidiu trocar o "s" pelo "x", por uma questão estética. Formou-se em arquitetura em 1958, mas começou a viver de seus belos traços cinco anos antes, na área da publicidade e fazendo capas de livros e discos. Chegou até a ganhar uma Palma de Ouro, em 1957, com uma campanha para a Shell.


Em 1959, iniciou sua longa colaboração para a revista científica mensal Tempo Médico, para a qual fez mais de 200 capas. Em 1965, passou a ilustrar um quiz médico chamado Clinicommedie (escrito por "Mister Hyde" e Pino Donizetti), que foi sua primeira experiência utilizando a linguagem dos quadrinhos.


Ainda em 1965, no mês de maio, ocorreu sua estréia efetiva nas HQs, nas páginas da Linus, famosa revista de Giovanni Gandini e Ranieri Carano (e depois de Oreste Del Buono e Fulvia Serra), para a qual criou o crítico de arte e investigador Philip Rembrandt, também conhecida como Neutron.


A coadjuvante de Neutron era sua namorada (com quem acabou casando), uma belíssima e curvilínea fotógrafa chamada Valentina. E ela mudou o rumo da série e da carreira de Crepax, tornando-se a protagonista das histórias e a mais importante personagem dos quadrinhos eróticos em todos os tempos.

Valentina foi criada à imagem e semelhança da atriz Louise Brooks, de quem Crepax era fã. Publicada em vários países do mundo, a personagem tem vários álbuns compilando suas aventuras. Com uma mescla de erotismo e devaneios, ela povoou o imaginário masculino por décadas, especialmente na Itália.


O sucesso de Valentina ainda hoje é tão grande, que suas histórias estão sendo reelaboradas, roteirizadas e filmadas para uma série de 13 episódios televisivos, que serão exibidos na Itália, Alemanha, Suíça e Estados Unidos.


Depois de Valentina, Guido Crepax deu vida a muitas outras "musas de papel", como Anita, Bianca e Belinda, além de assinar sofisticadas versões em quadrinhos de clássicos da literatura erótica, como A História de "O", de Pauline Reage; Emmanuelle, de Arsan; e Justine, de Sade. Também fez releituras de clássicos como Conde Drácula, Doutor Jekyll e Mister Hide e Frankenstein, seu último trabalho publicado, em 2002.


Mesmo enquanto esteve envolvido com os quadrinhos, o autor não abandonou a atividade de ilustrador publicitário, na qual atuou até 1991, fazendo campanhas das mais variadas. Artista extremamente versátil, Crepax também assinou centenas de litografias, serigrafias e aquarelas.
Sempre explorando requintes de sadomasoquismo, Crepax foi considerado, durante muitos anos, o "papa" dos quadrinhos eróticos, posto que passou ao também italiano Milo Manara. Com um traço extremamente delicado, um incrível domínio de luz e sombras e diagramações pra lá de ousadas, suas páginas eram autênticos delírios visuais.
No Brasil, especialmente durante as décadas de 1980 e 1990, os leitores tiveram a sorte de ver muitas de suas obras. A Martins Fontes publicou A Vênus das Peles, Emmanuelle, Justine, Conde Drácula e Doutor Jekyll e Mister Hide.


Já a gaúcha L&PM lançou A História de "O", Valentina, Valentina Assassina? Valentina de Botas, O Bebê de Valentina, Valentina no Metrô, Anita - Uma História Possível, Anita ao Vivo, Bianca - Casa das Loucuras, Bianca - Pensionato de Moças, além de participar da coletânea Casanova.








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